11 février 2005

"Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)..."

Sylvia Plath, "Canção de Amor da Jovem Louca"


09 février 2005

I'm Neurotic...

"Hello, I'm neurotic
Creating problems that don't exist
Don't believe me when I say it's alright

Lets go to my apartment
We'll pull the sheets up over our heads
forget all reasons to go outside

Beats pulse, they're automatic
Locked inside of my apartment
Make confessions with the television on
I'm fine..."
[Pretty Girls Make Graves, uma banda de rock]

Tua confusão perturba ainda mais meus sentidos e perspectivas de vida também tão confusas. Tudo se distancia. E estou exatamente onde me deixaram. Apenas não quis sair do lugar. Uma carta triste num dia triste de aniversário. Onde se esconde, afinal, essa maldita paz que tanto almejamos? Uma miragem no deserto. [ouço "Black", Pearl Jam ao vivo, momento precioso]. Me lembraste muito, com tua carta, a narradora do conto "Johnny Panic". Vês? Teus pensamentos são povoados por Ana C. Os meus, por Sylvia. Percorremos caminhos parecidos, movidos pelos mesmos desejos. Vamos abrir uma livraria, um sebo, quem sabe com o nome de "Bíblia dos Sonhos". Haverá saraus, café, bebidas fortes, noitadas literárias, os melhores livros, os leitores mais ávidos. E os escritores mais fodas de todos os tempos.

03 février 2005

Bible of Dreams

" Quem sabe se os ratos não chegam, desde pequeninos, à conclusão de que o mundo inteiro é governado por uma multidão de pés enormes. Pois eu, do meu poiso, vejo o mundo governado por uma e uma só coisa. O susto com cara de cão, cara de demônio, cara de bruxa, cara de puta, o susto maiusculado, sem cara nenhuma - sempre o mesmo Johnny Panic, acordado ou a dormir. "
[Sylvia Plath, in "Johnny Panic and The Bible of Dreams", tradução de Ana Luísa Faria]

São poucos os momentos em que me reconheço. Em que posso dizer: "estou em casa". Um desses raros momentos é quando estou à mercê da literatura mais verdadeira que eu conheço: a obra de Sylvia Plath. A maioria, póstuma. Sylvia apenas pôde ver um livro seu: "The Colossus". Recebeu frias críticas na época. Mais de vinte anos depois, "The Collected Poems", seria agraciado com o Prêmio Pulitzer. Tarde demais. O que leio agora, após meses de espera, é seu "Johnny Panic And The Bible of Dreams", em português de Portugal, com o divertido título de "Zé Susto e A Bíblia dos Sonhos". Assombroso, assombroso. Nas páginas de Sylvia é que me sinto em casa.