07 mars 2005

Banquete de Mendigos

De volta à Universidade. Me senti gente de novo. Não pelo fato de estar novamente num "curso superior". O melhor de se estar numa Universidade é ter, à sua disposição, uma biblioteca inteira. Um infindável e apetitoso banquete com todos os seus pratos favoritos. E o que é melhor: a boca é livre. Final da aula de Introdução à Arte, 15h. Pouco mais de uma hora para revirar as prateleiras. Foi decepcionante constatar que, o que existe de Clarice, se resume a alguns poucos e mal cuidados exemplares. Ao menos são edições antigas, capas antigas, as melhores. Cadê Virginia Woolf? Poucos livros também. No fim das contas, o banquete já não parecia tão salivante, mas os restos de um buffet... Será que havia Sylvia? Hilda? Ana C.? Salinger? Kerouac? Preferi manter a ilusão de que estariam perdidos em alguma daquelas prateleiras com quilos de pó. Não procurei Caio, não encontrei "Insônia" do Graciliano, nem o "Dom Quixote" do Cervantes. Para não sair de mãos abanando, levei "Salomé" do Wilde e um livro para a disciplina de Fundamentos da Percepção, "O Corpo Fala", aquele que todos conhecem. Quase na saída da biblioteca, algo brilhou no corredor das literaturas inglesa e americana: era ela, elegante e ácida, de quem eu nunca havia lido nada até então: Dorothy Parker e sua "Big Loira". Dispensável o banquete. Levei para casa o prato principal.

P.S. Tenho conseguido ouvir "Lonesome Tears" do Beck sem cair em desespero extremo que coisas extremamente belas me provocam. Mas é uma sensação de se estar andando de bicicleta sem as duas mãos...
" Sinto o pulso de todos os tempos
comigo
Até quando, eu não sei..." [Arnaldo]

Ah, mas a melodiazinha dessa "Lost Cause" machuca...

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