20 octobre 2005

notas de uma segunda-feira que já morreu


"Quem ama o abismo, precisa ter asas..."

Só agora, quando a festa acabou, as luzes se apagaram e as músicas cessaram de tocar, só restando uma ligeira e amarga ressaca e um zumbido insistente nos ouvidos, só agora é que percebo, nesse sono que me parte entre o real e a diluição, que estava dentro de um barco afundando sem música ao fundo [estrelas no fundo do poço, Mrs. Plath?]. O sol de segunda-feira, embora tímido e preguiçoso de manhã, atravessa a janela do ônibus, derretendo meus sentidos. Houve uma vez em que desceu um daqueles anjos que ilustram as bíblias sagradas e sentenciou com seu linguajar solene: "terás o direito de amar apenas o impossível. Quanto mais intenso o amor, maior a impossibilidade". Desde então, há esse intransponível e vertiginoso abismo bem diante dos meus pés. "Amarás o abismo", disse o anjo. "Quanto maior o amor, maior o abismo". Dentro dele, o barco afundando. Afundando no ar.

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