
Dani, eu não precisei pedir. Eddie cantou Daughter e eu fiquei pensando em você, como se você estivesse no show. Ele cantou Jeremy e tantas outras, dessas que habitavam a minha vida e que já estavam gravadas há muito tempo na memória. Ouvi a voz dele de perto, todas aquelas músicas tocadas à enésima potência, cantadas naquele único e exato momento. Uma noite sufocante, onde um copo d'água valia três reais e o público estava exaltadíssimo. Strokes pareceu uma festinha de aniversário. Mudhoney pôs abaixo qualquer esperança de ordem, era o caos antecipando a longa espera desde que Ten aparecia por aqui. Escrevendo assim, tão toscamente, fica a impressão de que vivi um daqueles momentos delirantes, onde poderia lhe jurar que estive presente num show do Pearl Jam. Eddie Vedder a poucos metros dali, celebrando o momento com uma garrafa de vinho. Talvez aqueles que um dia viram Jim Morrisson ou Robert Plant nos tempos do Led Zeppelin pudessem explicar melhor. Não há palavras que traduzam. E você me entende. A nossa relação com a música, esse vício que compartilhamos, cada qual à sua maneira, talvez só mesmo a própria música para traduzir. Estou ligeiramente paralisado, ainda não estou acreditando.