06 janvier 2007

conchas na gaveta

Fiona Apple

Você nunca verá a coragem que eu conheço
A riqueza das cores dela não aparecerá dentro de sua visão
Eu nunca brilharei do jeito que você brilha
Sua presença predomina sobre os julgamentos feitos em você

Mas enquanto o cenário cresce, eu vejo em luzes diferentes
As penumbras e as sombras ondulam na minha percepção
Meus sentimentos se esticam e se alargam, eu vejo de alturas maiores
Eu entendo que ainda sou muito orgulhoso para mencionar você

Você dirá que entende, mas não entende
Você dirá que nunca desistirá de olhar olho no olho
Mas 'nunca' é uma promessa e você não dispõe de meios para mentir

Você nunca tocará nestas coisas que eu possuo
A pele das minhas emoções se aloja debaixo da minha pele
Você nunca sentirá o calor desta alma
Minha febre me queima mais profundamente do que eu jamais tenha mostrado a você

Você dirá “Não tema seus sonhos, é mais fácil que parece”
Você dirá que nunca me deixaria cair de esperanças tão altas
Mas 'nunca' é uma promessa e você não dispõe de meios para mentir

Você nunca viverá esta vida que eu vivo
Eu nunca viverei a vida que me acorda de madrugada
Você nunca ouvirá a mensagem que eu mando
Você dirá que parece tão ruim como se eu estivesse desistindo desta luta

Mas enquanto o cenário cresce, eu vejo em luzes diferentes
As penumbras e as sombras ondulam na minha percepção
Meus sentimentos se esticam e se alargam, eu vejo de alturas maiores
Eu percebo que sou agora muito esperto para mencionar você

Você dirá que entende, mas nunca entenderá
Eu direi que nunca acordarei sabendo como ou por quê
Eu não sei em que acreditar, você não sabe quem eu sou
Você dirá que eu preciso de apaziguamento quando começo a chorar
Mas 'nunca' é uma promessa e eu nunca precisarei de uma mentira

"Never is a Promise", Fiona Apple

Ouve Fiona Apple no toca-discos como se fosse uma velha tarde antes já vivida. No mesmo lugar à mesa, fecha os olhos diante da janela que mostra tudo o que ela já viu. A mesma janela que lhe alimentava com sonhos e desencantos, não mostra, agora, nenhuma novidade. É o mesmo céu azul, a mesma tarde de sábado, os mesmos morros e casas. As pessoas vêm e vão tão repetidamente que parecem ser as mesmas pessoas. Apenas silhuetas. O vento que invade a sala, tão envelhecido quanto o tempo. Cotovelo apoiado sobre a mesa, mão apoiando o queixo, fecha os olhos e sente o corpo caindo ao som de uma Fiona Apple de 1996. Alma voltando ao corpo, as coisas guardadas todas de volta em suas devidas gavetas. Concha que se fecha novamente no fundo do mar. A agulha trava no sulco do disco que chega ao fim. Abre os olhos, ainda mergulhada na doce sensação da queda. Agora falta pouco. Muito
pouco para encostar os pés de volta no chão.

"Você me fez um pugilista de sombras, meu bem
Eu quero estar preparado para o que você faz
Eu tenho dado voltas ao meu redor
Porque eu não sei quando você vai dar seu passo... "

"Shadowboxer", Fiona Apple






2 commentaires:

Anonyme a dit…

Você já ouviu Fina Apple cantando "I want you", uma das músicas mais belas do Elvis Costello?!
É de fazer chorar... linda, linda, linda!!!!

Sayuri a dit…

'e eu pensei que ela fosse uma mulher... mas só era um saco plástico.' fiona é cheia de paixão :)