04 janvier 2007

misery is a butterfly


"Elephant girl
It was an accident unfortunate
Angel threw me like a rubber man
Aiming for the ground
Why amuse yourself in such way
No don’t insist I’m already hurt..."

Blonde Redhead, Elephant Woman

Ele, mais amargo do que o habitual. Palavras tão ácidas que formavam buracos no chão, cada vez que as pronunciava. Do outro lado da cidade, ao telefone, ela procurava reanimá-lo com comentários engraçadinhos. A conversa começara tensa. Mas logo foi tomando outro rumo.
- Você, com esse ar misterioso, deve ter várias garotas chovendo na sua horta.
- Horta? Não. Um cemiteriozinho.
- Cemiteriozinho?
- Um cemitério de elefantes.
- Então não pode ser um cemiteriozinho, precisa ser bem grande.
- É um cemiteriozinho de elefantinhos, de fetinhos de elefante.
- Pobrezinhos. E por que morreram?
- Talvez porque não souberam cuidar muito bem deles. Ou eu mesmo não soube cuidar, o que é mais provável.
- E por que, então, não escolhe um outro animal? Hmm... borboletas! Que tal? Apesar de efêmeras, inspiram liberdade. Borboletas colorindo o céu. Não é mais bonito?
- Eu preferia formigas, daquelas que dizimam tudo pelo caminho. Formigas-correição, conhece?
- Borboletas acho mais bonitas. Imagine criar várias delas? Ter um borboletário!
- Ou um cemitério de borboletas.

2 commentaires:

Sayuri a dit…

borboletas nunca deveriam sair do casulo... assim durariam para sempre

Ana Paula Madruga a dit…

Andrézinhho...
Só estou passando por aqui para dizer que andei lendo teus escritos... ADOREI!!!
beijos,
Ana