Esta é a mala de couro que contém a famosa coleção. Reparem nas minhas mãos, vazias. Meus bolsos também estão vazios. Meu chapéu também está vazio. Vejam. Minhas mangas. Viro de costas, dou uma volta inteira. Como todos podem ver, não há nenhum truque, nenhum alçapão escondido, nem jogos de luz enganadores. Ana Cristina Cesar
08 juin 2006
Às putas que a literatura pariu
- À puta que pariu a literatura! Quero ver esses escritorezinhos de merda destruindo tudo ao redor. Não essas frases todas no lugar certo como se postas à mesa de um restaurante caro. Quero a gana do Arcade Fire, esse desespero pela poesia. Não às palavras vãs, ao falar só por falar. Quero a poesia sangrando! Cadê a alma que os cristãos pregam? Pregar. Nisto eles são mestres. Pregam seus próprios mártires. Você não está entendendo o que estou tentando dizer, não é? Eu também. Não é mesmo para entender. É que esse marasmo literário me irrita. Festas literárias em Paraty onde apresentadores de televisão descem de helicóptero. Muita pose para pouca escrita. Deve ser por isso que o Raduan não escreve mais, foi cuidar de coelhos. Se é para publicar na revista Cláudia, melhor é criar galinhas. Elas que, aliás, foram fonte de inspiração à Clarice e ao Caio.
- Eu entendo. Entendo perfeitamente o que você quer dizer. Compreendo bem toda sua indignação. Mas precisava ficar nesse estado por causa de um videoclipe do Arcade Fire?
- Oh, meu bem... desculpa... Acho que... havia algo de estranho nesse chá de camomila. Prova...
- Esquece, esquece. Não foi nada. Vem, amor, vamos dormir.
Inscription à :
Publier les commentaires (Atom)
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire