Esta é a mala de couro que contém a famosa coleção. Reparem nas minhas mãos, vazias. Meus bolsos também estão vazios. Meu chapéu também está vazio. Vejam. Minhas mangas. Viro de costas, dou uma volta inteira. Como todos podem ver, não há nenhum truque, nenhum alçapão escondido, nem jogos de luz enganadores. Ana Cristina Cesar
25 décembre 2006
dom de iludir-se
A primavera está no ar
Eles estão varrendo as ruas
O vento é uma brisa
O sol se transforma nele, ele concorda
O que mantém o rosto dele levantado?
Nada além dos céus azuis,
Corredores que levam às janelas
Que não se fecham
Onde você mora?
Amor é um lugar
De onde você é?
Ela diz, pergunte a você mesmo, pergunte a qualquer um
O que mantém o rosto dele levantado?
Nada além dos céus azuis,
Corredores que os olhos da mente
Contemplam...
Metric, "Love is a Place"
Procura ocupar-se das pequenas coisas como lavar louça e roupas, limpar a casa, brincar com a gata que lhe pede atenção. Gatos percebem quando sorrisos não são verdadeiros? Vê uma pilha de roupas sobre a tábua de passar, pilhas de livros interrompidos, anotações pela metade como montanhas intransponíveis. O peso do ar sem vento de uma tarde de Natal é diretamente proporcional ao peso do próprio coração, ao peso de um sonho que ela se esforça por erguê-lo sozinha. Sente o coração envenenar-se, tingir-se de cinza. Um dilaceramento por dentro como algo prestes a implodir. Cada palavra vaga é um empurrãozinho para que o castelo de cartas - que ela não recebe - desabe. Coleciona músicas obscuras e melancólicas no computador como brinquedinhos que finge acreditar pertencerem a ela apenas. Como se fosse a única, no mundo inteiro, a escutar The Decemberists, Architecture in Helsinki, Blonde Redhead, Metric. Ela sabe que não é verdade. Mas deixa-se iludir. Deixa que os outros a iludam. E ainda finge que acredita.
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