28 décembre 2006

estrelas marinhas


"Esta é a luz da razão, fria e planetária.
As árvores da razão são negras. A luz é azul."


Sylvia Plath

Sim, é preciso que a chame de Sra. Plath. Sylvia, certamente, haveria de provocar mal entendidos. A senhora deve muito bem saber o que é ter uma asa cortada, Sra. Plath. Não apenas uma ou duas vezes. Mas uma infinidade delas. A senhora já presenciou esta cena antes: vão até à cozinha, pegam uma faca - dessas usadas para desossar galinhas - na gaveta e, segurando firme sua asa, cortam-na de cima a baixo, sem hesitar. Ela sangra, as penas tingem-se de vermelho. Não é de se espantar, contudo, que ela volte a brotar, como braços de estrelas marinhas. Ela resiste. Teimosamente resiste. Como o amor que tanto defendemos, o amor pelo qual lutamos tão quixotescamente. Lembro de Joana D'Arc nessas horas, a única santa na qual insisto em acreditar. Ela não media esforços e foi perseverante até o fim, fiel àquilo em que acreditava, embora, para muitos, não houvesse passado de um delírio, de um fanatismo. Palavras secas e o destino é certo, Sra. Plath. São de uma precisão impressionante.

1 commentaire:

Considerações a dit…

Literatura, nua, crua, cozida ou temperada - me acho aqui - numa busca chave da palavra joana d´arc - me acho aqui - frente a Clarice, Aimee... Ana Cristina!... fundo preto num agora dark percebo mistério, leveza, brilho no olhar escondido perto num estado oposto e mesmo assim percebo, leio e vejo...
Me acho aqui.