Esta é a mala de couro que contém a famosa coleção. Reparem nas minhas mãos, vazias. Meus bolsos também estão vazios. Meu chapéu também está vazio. Vejam. Minhas mangas. Viro de costas, dou uma volta inteira. Como todos podem ver, não há nenhum truque, nenhum alçapão escondido, nem jogos de luz enganadores. Ana Cristina Cesar
28 mars 2006
Convite de Casamento
O tempo que levei para ler suas fantásticas histórias
durou um pouco menos que a vida enfumaçada de um cigarro,
a metade de um CD do Killers e um copo de guaraná
quase sem gás.
O tempo que levei para ler suas fantásticas histórias
foi o suficiente para ir e voltar
de uma viagem às Três Marias que, agora, (ou sempre? sabe que não reparei?)
são quatro.
De um só fôlego, bebi todas aquelas palavras.
Lembrei de Manoel de Barros e de Guimarães Rosa.
Desenhei tudinho na imaginação,
como quem sonha acordado
sonhando com sua amada/amado,
como quem lê em voz alta
um conto de Clarice Lispector
para sua amada/amado
até sentir sono e dormir abraçado/abraçada
e acordar com preguiça
e fazer café com filtro de pano numa tarde em que chove fininho.
Meu ponto fraco são palavras fortes e belas,
palavras que voam
como quando a Björk canta
ou quando o Carpinejar escreve.
Quando leio coisas assim, quase inacreditáveis,
eu sempre tenho o desejo imenso de fazer,
à pessoa que assim escreve,
o seguinte pedido:
Quer casar comigo?
16 mars 2006
bloco do eu sozinho
Existencialista com toda a razão
Só faz o que manda
O seu coração...
[João de Barro e Alberto Ribeiro em "Chiquita Bacana", 1949]
***
Palavra que eu precisava registrar: entremear. "... entremeando a conversa, entram seus sambas clássicos, como ‘O Sol Nascerá'... Bonito isso, não? Era de uma reportagem sobre o Cartola. Entremear é uma palavra linda.
hearts & unicorns
- Está vendo? Se você tivesse ido embora mais cedo, não teria conhecido todos esses discos. O primeiro do Placebo que você tanto sonhava ouvir, o disco novo da Cat Power repleto de pianos e melancolia; não conheceria o lirismo de Gentle Waves, Wandula e Cida Moreira interpretando Chico Buarque, nem se surpreenderia com a beleza, a pose e a música de Annie da Giant Drag. Sem falar na exposição de fotos da Clarice que você passou um ano esperando que, finalmente, desembarcasse em Porto Alegre; na semana de homenagens ao Caio e na noite em que você passou sob luzes vermelhas ouvindo - pasmo - Sylvia Plath recitando suas poesias. Ah, e os filmes que você morria de vontade de ver? "2046" (com a Zhang Ziyi, belíssima), "Free Zone" (você começou a chorar logo no início do filme, na cena em que a Natalie Portman também chora dentro do carro) e mal podia conter a euforia durante a pré-estréia de "Maldito Coração" (Winona Ryder de volta à tela grande, após uma interminável espera). Olha tudo o que você perderia, seu bobo!
- Eu sei, eu sei. Mas de que vale viver todos esses momentos preciosos sem poder partilhá-los? É a mesma sensação de se estar escrevendo e falando para as paredes. Você quer ouvir uma resposta, quer mudar a vida de alguém. Pura burrice. Por mais explícitos que sejam os meus escritos, ou elas não entendem ou têm medo de entender ou realmente entendem, mas nada significa para elas.
- Você não está desviando o assunto?
- Estou querendo dizer que ninguém entende o que escrevo. E olha que nem sou sofisticado nem nada.
- As pessoas não querem se envolver...
- Sim, muito bonito essa idolatria toda diante de Sylvia Plath, Ana C., Virginia... Mas não eram pessoas fáceis de se conviver.
- Você quer que as pessoas o leiam? Enfie a cabeça no forno e ligue o gás. Ou pule... de que andar era mesmo?
- Claro, assim você passa a ser respeitado e finalmente compreendem você. A morte há que ser trágica ou prematura ou, ao menos, que se morra no ostracismo, no esquecimento, como fizeram com a Hilda Hilst... Simplesmente eu desisto de pedir socorro, ao menos assim, por escrito. Também não tenho a menor intenção de ir embora tão cedo. E sabe por que? O disco novo da Cat Power ainda nem saiu no Brasil.
- Aliás, Você já deu uma olhada na pilha de livros que o aguardam?
- Vamos para a Bienal do Livro em São Paulo e eu lhe conto minha grande história passional...
- Lá vem você, mudando de assunto de novo...
Cocoon
Não estou inventando. Da mesa da sala, pude ver que a joaninha que me visitara esses dias, lá estava, aparentemente imóvel, pousada no alto da cortina. Aproximo-me para ter certeza de que não era apenas um ponto escuro, como naquele conto da Virginia Woolf. Para minha surpresa, ela se espreguiça, bem diante de mim, sob o forte sol da manhã, ajeitando seus elitrozinhos. Havia despertado ao som de Björk cantando "Cocoon" (não é de se duvidar que ela também estivesse cantarolando). Da ponta do meu dedo, ela alça vôo em direção ao leste. Estariam esperando por ela? Quem sabe, quando retornar, ela possa trazer você de volta. Dizem que joaninhas sempre trazem boas notícias (ou fui eu que inventei isso?).
14 mars 2006
10 coisas que eu odeio fazer sem você
dormir
acordar
enfrentar o dia
terminar um livro
ir ao cinema
olhar a lua
dançar
amar
viver
***
Esta é uma obra de ficção. A vida nada mais é do que aquilo que inventamos. Em alguns casos, a obra atinge tal perfeição que acreditamos cegamente em cada detalhe, cada frase, cada momento. O perigo é quando se leva a brincadeira a sério demais. Então você se machuca e passa a acusar os outros de mentirosos e insensíveis. Neste caso, o único mentiroso terá sido você consigo mesmo.
04 mars 2006
Bonus tracks
Parecia um diálogo entre santos. Afinal, ambos compartilhavam da idéia de que o amor - ? – está muito além de, “simplesmente”, sexo. O que mais importava era o afeto, dividir com a pessoa amada momentos mais duradouros, atemporais até: andar de mãos dadas, carinho no rosto, no cabelo, dormir abraçados segurando as mãos, conversar à luz de velas, desfrutar silêncios entrecortados pela música. Havia uma lista imensa. Ela, não havia dúvidas, era correspondida. Quando saíam os três para dançar, ele, seguidamente, era trocado pelos sofás nos corredores escuros do bar. Mas ele não se importava. Eram suas amigas e estavam – acreditava/acreditavam? – felizes. Quanto a ele, poderíamos enquadrá-lo num caso bem mais delicado. Seria correspondido? O sentimento de amizade, tudo leva-nos a crer que... sim. Ele sempre deixou claro que era uma amizade com bônus. Leve amizade e ganhe amor passional, inteiramente grátis. Era amor platônico declarado, impossível esconder [sabe quando o amor transborda? Era bem assim]. “Do you believe in love? Então está. Não insisto mais”. Nunca esses versos de Ana C. lhe caíram tão bem.
Quando, finalmente, combinaram de se encontrar, ele mal podia conter o sorriso no rosto. Uma ansiedade adolescente fazia seu coração dar voltas feito um pião. A chuva fez a tarde virar noite mais cedo e ele ali, tremendo de emoção, sob o guarda-chuva.
Ela chega sorridente, com aquele sorriso que - mais tarde viria a saber - era a marca registrada dela. Ela veio sem os óculos escuros, pensou. Porque era só assim que ele a imaginara, do jeito que aparecia nas fotos: óculos escuros e cabelos compridos esvoaçantes.
Procuraram um café mais adiante, e pouco se importaram com o mau atendimento da garçonete. Havia uma ansiedade maior do que tudo para falar. Eram goles de café expresso entre sorrisos transbordantes. Falaram dos cursos que faziam, de literatura, música, cinema, saraus poéticos, viagens dos sonhos que um dia fariam, juntos até. Nos olhos dela, poderia se ver refletidos os fogos de artifício que choviam dos olhos dele, tamanho fascínio. Dias depois, já se visitavam. Iam a festas, cinemas, trocavam CDs e livros. Como se já se conhecessem desde sempre. Nunca havia uma briga sequer. Ela o poupava de seus dias mais espinhosos. Ele, por sua vez, sabia respeitar esses momentos. Além de tudo, trocavam correspondências [como se já não bastassem todos os demais recursos disponíveis de comunicação]. Eram cartas trocadas pessoalmente, palavras urgentes.
Mas nem todos os dias – vocês sabem - poderiam permanecer assim. Houve um dia [e mais outro... e mais outro...] em que ele, para sua surpresa e mágoa, foi atingido pelos tão temerosos espinhos.
Ela parou de receber cartas.
Ele não atendia às ligações dela.
Ela não respondia às mensagens no celular.
Ele desaparecia.
Ela desaparecia.
Ambos silenciaram.
A saudade, no entanto, só aumentava.
Foi o destino [ou o acaso, como preferem?] que encarregou-se de pôr os dois assim, frente a frente, quando dobravam a esquina da Rua dos Cataventos. Ele indo, ela vindo. Ele tinha uma carta pra ela. Ela havia escrito duas cartas pra ele.
Nessa tarde em que não chovia, trêmulos de emoção, viam refletir-se, nos olhos um do outro, fogos de artifício. Falar, eles não falaram. Mas os corações, estes sim, bailavam tontos, felizes, infantis... como piões.
* * *
Quando, finalmente, combinaram de se encontrar, ele mal podia conter o sorriso no rosto. Uma ansiedade adolescente fazia seu coração dar voltas feito um pião. A chuva fez a tarde virar noite mais cedo e ele ali, tremendo de emoção, sob o guarda-chuva.
Ela chega sorridente, com aquele sorriso que - mais tarde viria a saber - era a marca registrada dela. Ela veio sem os óculos escuros, pensou. Porque era só assim que ele a imaginara, do jeito que aparecia nas fotos: óculos escuros e cabelos compridos esvoaçantes.
Procuraram um café mais adiante, e pouco se importaram com o mau atendimento da garçonete. Havia uma ansiedade maior do que tudo para falar. Eram goles de café expresso entre sorrisos transbordantes. Falaram dos cursos que faziam, de literatura, música, cinema, saraus poéticos, viagens dos sonhos que um dia fariam, juntos até. Nos olhos dela, poderia se ver refletidos os fogos de artifício que choviam dos olhos dele, tamanho fascínio. Dias depois, já se visitavam. Iam a festas, cinemas, trocavam CDs e livros. Como se já se conhecessem desde sempre. Nunca havia uma briga sequer. Ela o poupava de seus dias mais espinhosos. Ele, por sua vez, sabia respeitar esses momentos. Além de tudo, trocavam correspondências [como se já não bastassem todos os demais recursos disponíveis de comunicação]. Eram cartas trocadas pessoalmente, palavras urgentes.
Mas nem todos os dias – vocês sabem - poderiam permanecer assim. Houve um dia [e mais outro... e mais outro...] em que ele, para sua surpresa e mágoa, foi atingido pelos tão temerosos espinhos.
Ela parou de receber cartas.
Ele não atendia às ligações dela.
Ela não respondia às mensagens no celular.
Ele desaparecia.
Ela desaparecia.
Ambos silenciaram.
A saudade, no entanto, só aumentava.
Foi o destino [ou o acaso, como preferem?] que encarregou-se de pôr os dois assim, frente a frente, quando dobravam a esquina da Rua dos Cataventos. Ele indo, ela vindo. Ele tinha uma carta pra ela. Ela havia escrito duas cartas pra ele.
Nessa tarde em que não chovia, trêmulos de emoção, viam refletir-se, nos olhos um do outro, fogos de artifício. Falar, eles não falaram. Mas os corações, estes sim, bailavam tontos, felizes, infantis... como piões.
Bee Box
A caixa é apenas temporária...
Sylvia Plath
A grande hora da chegada
do Correio.
Ninguém te escreve, mas que importa?
A grande hora da chegada
do Correio.
Ninguém te escreve, mas que importa?
Drummond
My Dear,
Estou pulando desesperadamente de livro em livro. Em busca, sei lá, de algum refúgio. Abro as caixas de papelão como arcas de tesouros perdidos e, delas, tiro Salinger, Ana, Clarice, Anaïs... Hoje de manhã, ao som de Alice in Chains acústico, devorei os poemas da Hilda, daquela coletânea Do Amor, capa linda, feita pelo Arcangelo Ianelli [Composição em vermelho, 1998]. Releio Morangos Mofados, retomei as correspondências da Ana C., Felicidade Clandestina da Clarice e Johnny Panic da Sylvia. Comecei Notas do Subterrâneo do Dostoiévski, Verão no Aquário da Lygia [finalmente, Gisa] e Pequenos Pássaros da Anaïs. Agora me deparei novamente com as biografias de Sylvia e Clarice e os Diários da Sylvia. Como resistir a tal apelo? Li também um conto – amargo... - do Lobato, chamado Negrinha. Acredita que nunca havia lido nada dele? Como pode ver, vivo nesse turbilhão literário. Insisto em ignorar o sinal. Sim, há um sinal que me diz que devo me recolher, a tal “vida reclusa” que você já falou. Estou me desgastando muito rapidamente. Lembra do David Bowie em Fome de Viver? Claro, não com a mesma velocidade, mas... com intensidade, talvez? Devo parar de insistir nessa mesma tecla, ligando, ligando, ligando. Mas é como você diz: com quem iremos comentar todos esses livros? Os filmes? As músicas? Li um trecho da Ana dizendo – nas cartas - que a Sylvia levava tudo muito a sério demais. Quem sabe não será esse o nosso problema. Na palestra de hoje, na semana do Caio, a Amanda Costa falou sobre a presença da astrologia em suas obras. Leu um trecho [lindo, lindo] de As Frangas, chorou, leu trechos de cartas dele [ela segurava cartas de verdade! datilografadas, cheia de correções, observações e acréscimos a caneta, uma letra tão bonita]. Contou que foi o Caio que lhe apresentou Ana C. e Anaïs, as obras delas, diga-se de passagem. Não adianta. Eu corro, corro, mas é nos livros da Ana que eu sempre caio [o trocadilho foi sem querer. Será?].
Loviu.
P.S.: A propósito, a foto acima é da máquina de escrever de Mrs. Plath. Acredita?
01 mars 2006
Caio F. em maio de 82
Está tudo planejado:
se amanhã o dia for cinzento
se houver chuva,
ou se houver vento,
se eu estiver cansado
dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas
conhecidas pela casa
a mesa posta
e gasta
está tudo planejado
apago as luzes, no escuro
e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então
visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock
até cair.
Dédalo
[esse texto quis sair voando sozinho, ao som de Wandula – Merci, Dani, merci...]
...E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia, em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo, ou se poesia. [Drummond]
Ela sempre soube muito bem [ao menos era nisso que acreditava] dissimular sua solidão. Soterrada até o pescoço por livros e discos. Escrevendo, sobre a cama, suas ficções/confissões e cartas que jamais recebiam resposta alguma. O telefone que nunca toca. A companhia da mãe passiva em frente à tevê. Isto sim, a terrificava. Como pode alguém resumir a própria vida a filhos, cozinha e televisão? A vontade era de desistir, após repetitivas recusas, de convidá-la para um cinema, oferecer-lhe livros, cedês, beber um café na lancheria ali perto ou visitar o museu de artes. Não dou importância pra isso, minha filha. Como essa frase lhe doí. Agora, ela se vê em outra cidade, dentro de um apartamento temporária e inteiramente seu. Ouvir música de madrugada, ler, ver filmes, escrever no computador. Mas, e depois, e daí? Quem ocupará todos esses espaços vazios? Ela caminha pelo apartamento, acende um cigarro após o outro, liga e desliga a tevê, bebe água querendo afogar algo dentro de si [água é tão... Virginia Woolf]. Nenhuma música a preenche. Nenhum livro. Ela não consegue se concentrar. Ela perde o sono. A solidão, camuflada na casa de sua mãe, agora está bem diante de seu nariz. Ela a sente como um nervo exposto, encaram-se olho a olho, dente por dente. Ela se espanta com seu reflexo no espelho. Ela não consegue sair de casa. Ela nem conhece os vizinhos. De um texto que passou voando pelo seu pensamento [onde foi parar aquele caderninho quando mais precisava dele?], restou-lhe apenas uma palavra: dédalo. Ela procura no dicionário: cruzamento confuso de caminhos; encruzilhada, labirinto; coisa complicada ou obscura; confusão, emaranhamento... Dédalo era também o pai de Ícaro, ele construiu-lhes asas de cera para que fugissem do labirinto. Seu filho, no entanto, aproximou-se demais do sol. E o resto da história, todos sabem. Ela estende suas próprias asas, ainda molhadas. Feito um condor que, finalmente, se liberta do jardim zoológico. Seria capaz de voar depois de todos esses anos? Ela bate suas asas, mas não sai do lugar. Ela só sabe voar para dentro.
Uma noite com Sylvia Plath
...E agora
Espumo com o trigo, reflexo de mares.
O grito da criança
Escorre pelo muro
E eu
Sou a flecha,
Orvalho que avança,
Suicida, e de uma vez se lança
Contra o olho
Vermelho, fornalha da manhã.” [Sylvia Plath, “Ariel”]
Por um momento, desejou que ela o levasse para bem longe dali. Afinal, era tão tarde. Leva-me contigo, ele suplicou, assim que Mrs. Plath anunciava o primeiro poema daquela noite: “Ariel”. Uma voz grave e firme, que em nada lembra a mulher fraca e desequilibrada como alguns críticos insistem em afirmar. Ele deita-se no chão da sala. A lâmpada vermelha do abajur acesa era a única claridade presente. Deitou-se no chão para não cair ou para absorver melhor as palavras [mas eu diria que foi um gesto de submissão]. Acordou ouvindo Wandula [sabe-se lá como aquele disco fora parar ali] como se tivesse dormido por dias. Não recordava-se de nada, embora não fosse muito difícil imaginar com quem estivera durante todo o tempo. Um tempo de contos de fadas, de “As Crônicas de Nárnia”. A lua – imensa – na janela da sala era sua única testemunha: seu pedido havia sido atendido.
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