A caixa é apenas temporária...
Sylvia Plath
A grande hora da chegada
do Correio.
Ninguém te escreve, mas que importa?
Drummond
My Dear,
Estou pulando desesperadamente de livro em livro. Em busca, sei lá, de algum refúgio. Abro as caixas de papelão como arcas de tesouros perdidos e, delas, tiro Salinger, Ana, Clarice, Anaïs... Hoje de manhã, ao som de Alice in Chains acústico, devorei os poemas da Hilda, daquela coletânea Do Amor, capa linda, feita pelo Arcangelo Ianelli [Composição em vermelho, 1998]. Releio Morangos Mofados, retomei as correspondências da Ana C., Felicidade Clandestina da Clarice e Johnny Panic da Sylvia. Comecei Notas do Subterrâneo do Dostoiévski, Verão no Aquário da Lygia [finalmente, Gisa] e Pequenos Pássaros da Anaïs. Agora me deparei novamente com as biografias de Sylvia e Clarice e os Diários da Sylvia. Como resistir a tal apelo? Li também um conto – amargo... - do Lobato, chamado Negrinha. Acredita que nunca havia lido nada dele? Como pode ver, vivo nesse turbilhão literário. Insisto em ignorar o sinal. Sim, há um sinal que me diz que devo me recolher, a tal “vida reclusa” que você já falou. Estou me desgastando muito rapidamente. Lembra do David Bowie em Fome de Viver? Claro, não com a mesma velocidade, mas... com intensidade, talvez? Devo parar de insistir nessa mesma tecla, ligando, ligando, ligando. Mas é como você diz: com quem iremos comentar todos esses livros? Os filmes? As músicas? Li um trecho da Ana dizendo – nas cartas - que a Sylvia levava tudo muito a sério demais. Quem sabe não será esse o nosso problema. Na palestra de hoje, na semana do Caio, a Amanda Costa falou sobre a presença da astrologia em suas obras. Leu um trecho [lindo, lindo] de As Frangas, chorou, leu trechos de cartas dele [ela segurava cartas de verdade! datilografadas, cheia de correções, observações e acréscimos a caneta, uma letra tão bonita]. Contou que foi o Caio que lhe apresentou Ana C. e Anaïs, as obras delas, diga-se de passagem. Não adianta. Eu corro, corro, mas é nos livros da Ana que eu sempre caio [o trocadilho foi sem querer. Será?].
Loviu.
P.S.: A propósito, a foto acima é da máquina de escrever de Mrs. Plath. Acredita?