Esta é a mala de couro que contém a famosa coleção. Reparem nas minhas mãos, vazias. Meus bolsos também estão vazios. Meu chapéu também está vazio. Vejam. Minhas mangas. Viro de costas, dou uma volta inteira. Como todos podem ver, não há nenhum truque, nenhum alçapão escondido, nem jogos de luz enganadores. Ana Cristina Cesar
28 mars 2006
Convite de Casamento
O tempo que levei para ler suas fantásticas histórias
durou um pouco menos que a vida enfumaçada de um cigarro,
a metade de um CD do Killers e um copo de guaraná
quase sem gás.
O tempo que levei para ler suas fantásticas histórias
foi o suficiente para ir e voltar
de uma viagem às Três Marias que, agora, (ou sempre? sabe que não reparei?)
são quatro.
De um só fôlego, bebi todas aquelas palavras.
Lembrei de Manoel de Barros e de Guimarães Rosa.
Desenhei tudinho na imaginação,
como quem sonha acordado
sonhando com sua amada/amado,
como quem lê em voz alta
um conto de Clarice Lispector
para sua amada/amado
até sentir sono e dormir abraçado/abraçada
e acordar com preguiça
e fazer café com filtro de pano numa tarde em que chove fininho.
Meu ponto fraco são palavras fortes e belas,
palavras que voam
como quando a Björk canta
ou quando o Carpinejar escreve.
Quando leio coisas assim, quase inacreditáveis,
eu sempre tenho o desejo imenso de fazer,
à pessoa que assim escreve,
o seguinte pedido:
Quer casar comigo?
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6 commentaires:
O que você anda lendo?
Só me avisa pra eu não ler.
Acho que sou bem capaz de pedir em casamento por palavrares fortes, intensos, imensos, cheio de pulsar...
Não intento o casório - ao menos não assim denoominado - tão cedo.
Faz parte do meu pacote de medos assombrosos :P.
Bisous
Que lindo!
Emocionei (me).
Essa menina é linda. Eu sempre me lembro da Alice Soares uma velhinha que procurava a infância desenhando meninas delicadas e etéreas, lindas. Além de tudo, sempre achei Alice Soares um nome quase inventado de tão bonito.
Tá bom, já que a Dani é casada caso eu! Mas volta a escrever aqui!
De vez em quando me pergunto qual é o impulso de queimar que sempre me joga na direção de tudo o que desconheço e de tudo mais que admiro em mim mesma sem nem mesmo saber ao certo. O que é essa coisa, esse pulsar que também me chama provavelmente para o mesmo lugar de onde você vem ou para onde você vai, ainda que estejamos em galáxias diferentes, em universos paralelos. Será que compartilhamos a mesma admiração por tantas coisas diversas, por tantas pessoas que queimam na memória por alguns poucos segundos, que devoram esse pequeno demônio da necessidade de ser/estar/ter/haver ou quem sabe simplesmente resumir tudo no "significar"? Amo tanto que explodo, amo tanto que amo o mundo inteiro, ainda que odeie grande parte das pessoas que o habitem. Ainda assim existe e insiste em existir aqui dentro a mesma vontade de sempre.
E a vontade que me mata, me suicida e me empurra todos os dias é aquela de ser arrebatada pela beleza, pela intensidade, por qualquer coisa que me tire o fôlego num horário qualquer do dia em que eu deveria estar respirando com a ajuda do meu pequeno e amarelo tanque de oxigênio. E a vontade é teimosa, se enconde, se embrenha, resiste à dedetizações e defumações. Não existe macumba nem promessa que afaste esse desejo, essa força que empurra-puxa. E esse vai-vem é necessariamente seguido de um vazio que se enche de outros vazios por dentro do meu corpo que sei que invevitavelmente significam aquilo do qual já tenho conhecimento: vou me perder por tantas cabeças e tantos corações, vou me achar em almas que já aqui não estão e tantas que ainda não nasceram.
Um inferno é na verdade nascer-se grande demais e completo demais. E ainda com tudo isso procurar partes suas em outras pessoas.
Bah.
ah..naum escrevi essas fantásticas historias, mas se as fizer na vida - fortes , intensas.. tu te apaixonarias tbm?
se assim fosse, aceitaria o pedido.
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