Esta é a mala de couro que contém a famosa coleção. Reparem nas minhas mãos, vazias. Meus bolsos também estão vazios. Meu chapéu também está vazio. Vejam. Minhas mangas. Viro de costas, dou uma volta inteira. Como todos podem ver, não há nenhum truque, nenhum alçapão escondido, nem jogos de luz enganadores. Ana Cristina Cesar
01 mars 2006
Uma noite com Sylvia Plath
...E agora
Espumo com o trigo, reflexo de mares.
O grito da criança
Escorre pelo muro
E eu
Sou a flecha,
Orvalho que avança,
Suicida, e de uma vez se lança
Contra o olho
Vermelho, fornalha da manhã.” [Sylvia Plath, “Ariel”]
Por um momento, desejou que ela o levasse para bem longe dali. Afinal, era tão tarde. Leva-me contigo, ele suplicou, assim que Mrs. Plath anunciava o primeiro poema daquela noite: “Ariel”. Uma voz grave e firme, que em nada lembra a mulher fraca e desequilibrada como alguns críticos insistem em afirmar. Ele deita-se no chão da sala. A lâmpada vermelha do abajur acesa era a única claridade presente. Deitou-se no chão para não cair ou para absorver melhor as palavras [mas eu diria que foi um gesto de submissão]. Acordou ouvindo Wandula [sabe-se lá como aquele disco fora parar ali] como se tivesse dormido por dias. Não recordava-se de nada, embora não fosse muito difícil imaginar com quem estivera durante todo o tempo. Um tempo de contos de fadas, de “As Crônicas de Nárnia”. A lua – imensa – na janela da sala era sua única testemunha: seu pedido havia sido atendido.
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