"possam as últimas bocas gritar alto
Numa floresta de gelo, num amanhecer de centáureas..."
Sylvia Plath
"Acima de tudo, quando se está usando um vestido azul francês e um chapéu de primavera novo, enfeitado com centáureas..."
Centáureas! Ela exclamou em pensamento. Fechou o pequeno livro de contos de Katherine Mansfield que comprara por seis reais. Uma pechincha. E as pessoas ainda querem argumentar que os livros estão caros, pensou, e que por isso não lêem. Ora, Cinco Contos de K. Mansfield por esse preço? Pois que fiquem com seu Diário Gaúcho de 50 cents e vibrem a cada linha escrita com violência e banalidade!
A palavra centáurea havia mexido com ela. Pegou papel e caneta e pôs-se a imaginar palavras que soassem incrivelmente belas, dessas que só se encontram em livros de ficção. Centáureas... um jardim delas. Talvez, à beira da morte, quando todos os tempos e momentos e pessoas vividos se misturam diante dos olhos, ela pudesse vislumbrar algo parecido.
Começou a fazer uma lista dessas palavras que, a seu modo, pareciam-lhe tão bonitas. Então lembrou-se de felicidade. Em português, ela tem a forma de um sorriso. Experimente pronunciá-la. Você logo sorri. Fe-li-ci-da-de... Parece que contagia!
Mas sua lista havia ficado apenas nessas duas palavras. O livrinho caíra suavemente no chão. E ela adormeceu sorrindo. Em seu jardim de centáureas.
2 commentaires:
tenho vivido o Bliss, mas de uma maneira tão estranha, nada de rompantes, é só uma coiisa bem de dentro mesmo sabe...
o meu Bliss
fale para a menina escrever -- caso você a encontre por aí -- a palavra serendipity junto com felicidade e centáurea.
Ou quem sabe escrever "daydreams" na capa do caderno.
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