29 novembre 2006

a impraticável leveza de ser

Scarlett Johansson in "Last in Translation", de Sophia Coppola


Free to live, last time
And you, you’re always
You’re wonderful, I wanted you
I do, I do, I do

Free to go, and go
And you
City girl, you’re beautiful
I love you, I do, I do, I do

I feel love, I know
And you
City girl, you’re beautiful
I love you, I do, I do, I do

Free to go, I know
And you, you
City girl, you’re beautiful
I love you, I do, I do, I do...


"City Girl", Kevin Shields


Hoje acordou lenta, mais cedo que o habitual. Havia decidido que o dia deveria ser leve, diferente. Sem celular, sem internet. A janela do ônibus e o CD player já seriam o suficiente. "Lost in Translation" nos fones de ouvido, o vento no rosto e o barulho dos carros ao fundo. As pessoas entrando e saindo do ônibus pareciam surpresas pelo seu total desinteresse em analisá-las. Pouco importa. A menina à sua frente a decepciona, tamanha a preocupação em arrumar os cabelos a cada 10 segundos, checar as unhas a cada 30 segundos, olhar para os lados a todo minuto. Ela sorri profundamente por dentro. Sentindo-se meio Scarlett Johansson sem Bill Murray, mergulhada na voz suave de Kevin Shields. "City Girl" funciona como um antídoto. Fecha os olhos imaginando caminhar pela Rua da Praia, sem pressa, pelas calçadas úmidas, numa tarde qualquer. Apreciar os cartazes nas vitrines do cinema, comprar um ingresso depois do café, ser a única presente na sessão. Chorar, do início ao fim, vendo "Cem Escovadas..." pela segunda vez. E a tão almejada leveza cair toda pelo chão.

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