24 décembre 2004

Mais Uma da Série "Anotações Perdidas Para Todo o Sempre"

"Tenho tropeçado no caminho. Nuvens florescem
Azuis e místicas sobre a face das estrelas..." S.Plath

Tudo o que havia vivido, até então, resumia-se agora às páginas de um livro sendo lido no banco do metrô, perto da janela. Sua vida passava com a paisagem, ambas tediosas e apagadas. O que faz toda essa multidão dentro do metrô? Todas essas existências anônimas? Ela, apenas mais uma a afundar no Mar Negro do Esquecimento. Debatendo-se na lama, na tentativa inútil de sobreviver. Desejava jamais ter chegado tão perto, mergulhado tão fundo em seus pensamentos que ferviam feito lava. Queria jamais ter questionado o que era, afinal, estar viva nesse planeta afogado no vazio. Hava perdido a noção do tempo e da razão. Existia apenas. Por quanto tempo? Viver é estar em sono profundo? Ela sequer lembrava-se de seus sonhos. Será que sonhava? Alice no País das Maravilhas era a única história sensata de que se lembrava, parecia uma perseguição. Soava-lhe estranhamente familiar. Viver, então, é mergulhar nesses delírios, esquecer-se da própria existência? Não enxergava sentido em coisa alguma, porque, afinal, vivia à margem de seu próprio sonho. Onde está a resposta, afinal? Que diabo de lugar é esse? Lembrou-se de uma foto publicada na revista Seleções que ela havia visto quando era muito pequena, uma foto do Monstro do Lago Ness. Alguém lhe falou há pouco sobre esse Monstro, algo perdido em seus sonhos tão distantes. Olhou para as pessoas refletidas na janela do metrô. A Vida é apenas uma fantasia.

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