28 décembre 2004

Novembro

Minhas últimas anotações no caderno soaram demasiadamente banais para transcrevê-las aqui. Frases interrompidas, abortadas. Longo silêncio e reticências intermináveis......Recuperei o CD da Siouxsie que me roubaram. Comprando outro, claro, junto com o 1° da Rita Lee, de 1970. Naquela época, você talvez fosse um aglomerado de poeira de estrelas, antes que pudesse sonhar em nascer... Foi um tanto estranho ouvi-la dizer que, quando criança, o disco da sua vida fosse "V". Engraçado porque, nos meus vinte-e-poucos, o que regia a minha vida era o "Dois", com suas letras desesperançadas e amargas. Apaixonado por quem nem conhecia o rosto. Amava as palavras, o cheiro que vinha com as cartas. Vivia de correspondências e letras de música, recortes de revistas e telefonemas. Todas as manhãs à espreita do carteiro, a carta embaixo da porta. Tempo de acreditar e amar. Uma espécie de transe do qual só acordaria definitivamente com um golpe de misericórdia. Um telefonema com frases curtas e certeiras. Não da autora das cartas, mas por outra pessoa, muito tempo depois. Vida virada do avesso. Frágil e confuso Novembro. Por que aquele mês nunca termina?

1 commentaire:

Dane a dit…

porque a gente tem muita coisa a fazer ainda...vc melhora, seus textos estã mais gostosos de reler e reler...sabe que deviam inventar maquinas de teletransporte o mais rápido possível...