14 décembre 2004

Mergulho

Sua vidinha tornara-se um castelo de cartas, um castelo de areia. Hoje, são os escombros das Torres Gêmeas. E não há nada, nem ninguém, capaz de convencê-lo de que existe algum sentido na vida. Existe? Algo? Alguém? Sentido? Até onde você é capaz de mergulhar e buscar a resposta para essa pergunta? "A vida é uma espécie de loucura que a morte faz". Quem disse isso? Clarice Lispector? As pessoas não ousam sair do raso, agarram-se às suas patéticas bóias ou à borda da piscina.
Hoje, o que o mantém vivo, são todos esses livros, são os discos do Placebo, conversas esparsas ao telefone, encontros esparsos com amigos esparsos. Ao longe, observa, sem compaixão, essa busca inútil das pessoas por algo, que, lamentavelmente, não existe. Esse algo-que-não-existe, contraditoriamente, é o que as mantém, digamos, vivas, com os pés mantidos razoavelmente no chão. Um bando de lemingues obcecados e cegos, com medo de mergulhar.

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